Arquitetura como infraestrutura

Partindo de uma tripla problematização – a obsolescência, a especialização funcional e a analogia linguística na arquitetura -, este trabalho procura construir uma estratégia para abordagem do projeto de arquitetura para além da função e da representação, identificando princípios de projetos baseados na indeterminação, na ênfase no desenho de estruturas e infraestruturas prediais e na vinculação entre edifício e cidade, introduzindo no desenho dos artefatos arquitetônicos o que se denomina “raciocínio infraestrutural”. Identifica em alguns exemplares da arquitetura moderna da primeira metade do Seculo XX estratégias não funcionalistas que orientam a concepção dos edifícios e reconhece no formalismo da arquitetura moderna brasileira um efeito colateral que permitiu realizar obras de grande indeterminação e alto potencial de urbanidade. Mapeia estratégias de integração do raciocínio infraestrutural no desenho do edifício e na sua relação com a cidade. Desenvolve uma aplicação empírica desses princípios e estratégias através de um exercício de projeto por estudantes de Arquitetura e Urbanismo em um edifício de larga escala, sem uso definido, considerando transformação e crescimento. A introdução de características das infraestruturas no desenho de edifícios implicaria no reconhecimento do caráter diacrônico do processo de concepção de edifícios e cidades; do caráter sistêmico de estruturas e infraestruturas prediais e sua potencial integração com os sistemas urbanos; e do caráter inacabado das obras, concebidas como estruturas mínimas capazes de acomodar a transformação, a complementação e o crescimento no tempo. Por último, implica no reconhecimento da natureza não discursiva e não representacional das infraestruturas, recolocando a questão da funcionalidade e da representação simbólica para além da pré-determinação coercitiva, mas como produto de uma construção aberta e mutável que se realiza no tempo.