A POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NO BRASIL.
RESUMO
A segunda metade do século XX foi marcada pelo surgimento do pensamento PósModerno, que, a partir da constatação do rápido processo de deterioração do ambiente natural e cultural, teve como um de seus principais paradigmas o fenômeno patrimonialista. Nesse sentido, a busca de soluções para a guarda do legado ambiental e cultural remanescente gerou uma ampliação da demanda de proteção dos acervos constituídos ao longo da formação da memória dos lugares: documentos, livros, objetos dos mais variados formatos, materiais, funções e valores, além dos edifícios, centralizaram, durante muitos anos, o hall dos produtos humanos a serem preservados. Desde o período Iluminista, o processo de “culturalização do passado” foi interesse estratégico das aristocracias que conduziam os estados nacionais europeus, promovendo, inclusive, o advento dos revivals. O interesse pela história dos lugares, pela arqueologia e, principalmente, pelas antiguidades gerou a formação de impressionantes coleções, além de permitir diversas propostas de intervenções recuperadoras, ensaiadas exaustivamente durante os séculos seguintes. As oportunidades e contingências sociais e culturais, entre elas, as reconstruções de bens atingidos por catástrofes humanas e/ou naturais, permitiram o progressivo aprimoramento do pensamento conservacionista vislumbrado nas chamadas Cartas Patrimoniais. Nelas, no decorrer do século XX, a visão de “bem cultural” tende a se expandir em direção ao universo de toda produção humana, à medida que o tão sólido pensamento racionalista moderno se “desmanchava no ar” a partir das enormes demandas socioculturais e ecológicas.